quinta-feira, 25 de junho de 2009

DOLIVRO O PROFETA- GIBRAN KHALIL GIBRAN

Então, Almitra disse: "Fala-nos do A mor".

E ele ergueu afronte e olhou para a multidão, e um silêncio caiu sobre todos, e com uma voz forte, ele disse:

“Quando o amor vos chamar, segui-o,

Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados:

E quando ele vos envolver com suas asas, cede-lhe,

Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;

E quando ele vos falar, acreditai nele,

Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.

Pois a mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica.

E da mesma forma que ele contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda.

E da mesma forma que ele sobe a vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,

Assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra.

Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.

Ele vos debulha para expor a vossa nudez

Ele vos peneira para libertai-vos torneis maleáveis.

Ele vos mói a extrema brancura.

Ele vos amassa até que torneis maleáveis.

Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino.

Todas essas coisas, o amor operará em vós para que conheçais os segredos de vossos coraçãoes, e com esse conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.

Todavia, se no vosso temor, procurardes somente a paz do amor e o gozo do amo,

Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonásseis a eira do amor.

Para entrar no mundo sem estações, onde rireis, mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.

O amor nada dá senão de si própria e nada recebe senão de si próprio.

O amor não possui e não se deixa possuir,

Pois o amor basta-se a si mesmo.

Quando um de vós ama, que não diga: “Deus está no meu coração”, mas que diga antes:

“Eu sou no coração de Deus”.

E não imagineis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio o vosso curso.

O amor não tem outro desejo senão o de atingir a sua plenitude.

Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam estes vossos desejos:

“De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite;

De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada; de ficardes feridos por vossa própria

Compreensão do amor;

E de sangrardes de à vontade e com alegria;

De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor;

De voltardes para casa à noite com gratidão;

E de adormecerdes com uma prece no coração, para o bem amado,

E nos lábios uma canção de bem aventurança”.



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