sexta-feira, 12 de março de 2010

ENVELHECER...


Envelhecer
Humberto de Campos

Na manhã da existência, ouvindo o peito,
que previa teu vulto no caminho,
dentro em minha alma levantei teu ninho,
e, nesse ninho, preparei teu leito.


Desceu a tarde, e ainda me viu sozinho.
Murcham as flores, que, de leve, ajeito;
de novas rosas tua colcha enfeito,
e o travesseiro, novamente, alinho.


Cai, tristonho, o crepúsculo, na estrada.
Alongo os olhos, atirando um beijo
à forma vaga do teu corpo… E nada!


Recomponho as palavras que não disse.
E, apagando a candeia do Desejo,
adormeço na noite da Velhice.
Humberto de Campos

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